quinta-feira, 13 de junho de 2013

“Aprendi dizer não com Tim Maia”.

Banda do Síndico

No embalo de Tim Maia, o último sábado dia 8 de junho, o Casarão Ameno Resedá foi só alegria com a Banda do Síndico. E aproveitando a oportunidade, tivemos a chance de conversar com o saxofonista Tinho Martins que tocou por 18 anos ao lado do Síndico.

BCs: Como ocorreu o seu primeiro contato com Tim Maia?
TM: Nosso primeiro contato ,foi no nosso ensaio da Banda de rock Os Selvagens, por volta de 1970, nosso baixista Carlos Lemos o convidou para assistir. Somente em 1980 que ele me convidou através do Renato Piau,guitarrista hoje do Luiz Melodia para participar da Banda Vitoria Régia.

BCS: Tim Maia passava era muito exigente com vocês?
TM: Era superexigente até para manter nível que era bem alto. Para isso passaram mais de 20 excelentes músicos nestes 18 anos em que trabalhei como chefe da Banda.

BCS: Você se relacionava com Tim Maia fora da Banda? Como ele era nos bastidores, sem estar no palco, trabalhando.
TM: Sim. Ele era muito instável. Na maioria das vezes, era muito engraçado e bem humorado. Mas quanto estava aborrecido, sai da frente. Tinha um lado carinhoso com as crianças, generoso, sustentava uma creche em Caxias chamada Lar de Narcisa. Tinha adoração pela mãe dele e pelo filho.

BCS: Você estava no palco no dia em que Tim Maia passou mal. Como foi?
TM: Felizmente eu não estava. Brigamos seis meses antes de sua morte, em Miami, em uma viagem que passamos 3 meses nos Estados Unidos e fizemos 3 shows, que foram um fracasso. Briguei com ele porque depois de comprar as passagens Miami /Nova York, no dia da viagem, ele decidiu ir de van. Para mim foi demais e me recusei a viajar de van para Nova York com ele. Pagou-me o que devia, disse que náo precisava de mim para nada, entrou na van e foi embora. Ao chegar em Nova York me ligou, brincando comigo e dizendo que tinha comprado uma lembrança para mim. Quando voltou me trouxe umas palhetas de sax e falou que a Vitória Régia estava muito cara e a reformularia com músicos mais baratos porque estava no vermelho.

BCS: Qual foi a sua sensação quando soube de sua morte?
TM: A perda de um irmão mais velho.

BCS: O que você sente ao subir no palco e tocar as músicas de um ídolo nacional que marcou história?
TM:
É simplesmente emocionante, como o público vibra com as canções do Mestre Tim Maia.

BCS:Quem foi Tim Maia para você? Quando alguém fala dele o que você lembra?
TM: Um dos maiores cantores e figura humana que não tinha medo de falar o que pensava. Aprendi a dizer não com ele. Lembro co
m muita saudade dos shows e das historias engraçadas, até porque ele acreditava em disco voador.

BCS: Um fato curioso que você tenha presenciado do Síndico?
TM: Uma vez, em São Luiz do Maranhão, depois de um maravilhoso show, já de madrugada, Tim Maia convocou a Banda, aos berros, para uma reunião de emergência, porque o show não tinha sido legal. Todos subiram para sua suíte já preparados para o seu mau humor. Ao chegarmos, tal foi a nossa surpresa, ele estava feliz, querendo festejar e que se sentia muito solitário com sua namorada Elizete. Queria a Banda, comemorando com eles. Ao amanhecer, no final da "festa", ele, alcoolizado, pede insistentemente para a Elizete abrir a porta do apartamento dizendo que os extra terrestres estavam chegando. A Elizete, com sono, não liga para o seu pedido e ele fica nervoso e insiste em que ela abrisse a porta. Até que ela cede, e abre a porta, e com voz sonolenta, diz: -"Tá vendo? Não tem ninguém aqui.". Ele, em sua crença, responde: "- Também, você demorou muito, eles foram embora."

BCS: Hoje, você toca com a Banda do Síndico que é uma homenagem ao cantor. Quando surgiu a ideia de formá-la?
TM: Através de um convite de um empresário de Minas Gerais, que pediu para o Silvério, trompetista da Banda do Síndico, que reunisse a Banda Vitória Régia para um tributo ao Tim Maia em Cataguases. Íamos usar este nome,mas ficamos sabendo que um músico, Cláudio Mazza, tinha registrado o nome Vitória Régia um dia após a morte do Tim Maia. Diante disso, passarmos a usar o nome de Banda do Síndico, a Original.

BCS: A Banda do Síndico surgiu em que ano? A mesma formação de quando começou ainda permanece?
TM: Surgiu em 2008. A formação mudou com a saída de Paulo Braga ( bateria ) e Marcos Nabuco (guitarrista). Paulo Braga foi substituído por Paulinho Black, que também tocou na Vitória Régia, e Nabuco por Perinho Santana, também remanescente da Vitória Régia, falecido em dezembro último, substituído por Nando Chagas (BANDA EGOTRIP).

BCS: A Banda do Síndico tem música própria? Tem algum projeto para isso?
TM:
Temos sim, ainda fase de gravação. Surpresa.

BCS: Quais serão os próximos shows da banda ?
TM
: Dia 6 de Julho no Studio RJ Ipanema.

BCS: Na sua opinião que legado o Cantor deixou?
TM: Músicas maravilhosas, exigência musical de alto nível, exigência política, e um grande humorista, sem dúvida.

Tinho Martins



















Post por Aryanne Dos Santos

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