terça-feira, 23 de abril de 2013

Tim Maia Racional - Parte 3

Tim Racional (e formidável)

Quem conhece, sabe: Tim Maia era um cantor, sem sombra de dúvidas, espetacular, mas o uso abusivo de drogas e álcool prejudicava, e muito, a sua carreira. Os atrasos em shows eram característicos de sua fama, isto é, quando ele comparecia. Porém, um dia Tim Maia ficou limpo.

Em 1974, Tim estava começando a produção de seu novo disco. As canções estavam prontas, porém, as letras ainda não haviam sido compostas. O cantor decidiu então visitar seu amigo, Tibério Gaspar e, enquanto esperava que este saísse do banho, começou a folhear um livro. Quando Tibério saiu do banho, Tim quis saber mais detalhes sobre o livro chamado “Universo em Desencanto”, que falava sobre a seita filosófico-religiosa Racional Superior, fundada por Manoel Jacintho Coelho em 1935.

Tim foi totalmente conquistado pela Cultura Racional, se converteu ao Universo em Desencanto, passando a usar somente roupas brancas e cortando da sua vida o álcool, o sexo e as drogas. Devido a sua personalidade forte, Tim converteu todos os membros da banda, com as mesmas proibições e ainda verificava se estes cumpriam as exigências. A mudança de antigos hábitos nada saudáveis do cantor permitiu que sua voz rendesse o máximo que podia. Tim cantava com paixão por acreditar cegamente na mensagem que transmitia.



Naquela época, houve um grande desentendimento com a gravadora, pois o cantor não conseguiu convencer os seus empresários a acreditar naquilo que parecia ser a resposta para todas as suas perguntas. Portanto, Tim criou sua própria gravadora e lançou os dois discos que seriam considerados raridades algumas décadas depois.

O intuito dos álbuns era exaltar a Cultura Nacional, as letras citavam constantemente o livro “Universo em Desencanto” e sua influência na vida de Tim. Como exemplo, um trecho da música “Bom Senso”, terceira faixa do primeiro volume do “long-play” Tim Maia Racional:

“Já virei calçada maltratada/ E na virada quase nada/ Me restou a curtição/ Já rodei o mundo quase mudo/ No entanto num segundo/ Este livro veio à mão/ Já senti saudade/ Já fiz muita coisa errada/ Já pedi ajuda/ Já dormi na rua/ Mas lendo atingi o bom senso/ A imunização racional.”





Porém, essa fase já estava acabando. As apresentações eram cada vez mais escassas, a banda só se apresentava para os participantes do culto e os shows com cachê eram raríssimos. Em setembro de 1975, Tim teve uma recaída, tirou e queimou as roupas brancas, foi para a janela completamente nu, gritando aos quatro ventos que Manoel Jacintho era um pilantra.

Após o ocorrido, essa fase passou a ser negada pelo cantor. Por melhores que seus álbuns fossem, seriam considerados motivo de vergonha por Tim. Hoje os álbuns são facilmente encontrados, sendo o álbum Tim Maia Racional Volume 1 o 17º álbum mais importante da história da música brasileira, eleito pela edição brasileira da revista Rolling Stone.


Post por Aline Viriato

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